sábado, 24 de novembro de 2012

Jane Austen, a escritora pianista

     A música  fez parte de forma notável na vida de Jane Austen, tanto que ela estudou piano dos 9 aos 21 anos. Conta-se que praticava todos os dias pela manhã para não atrapalhar os "não-musicais" da família na parte da tarde. Gostava de ter um momento só seu.
     Consta que Jane não "arranhava" o instrumento, mas que era excelente pianista, assim como Jane Fairfax (Emma) e Georgiana Darcy (Orgulho e preconceito), pois praticava muito e tocava com muita habilidade. Era sim o que podemos chamar de PIANISTA.
      Jane gostava de tocar melodias para os familiares e amigos e era considerada a musicista da família (ou quem diga, a única). Parece que ela foi chamada mais vezes que qualquer outro para executar danças e canções para sobrinhos, sobrinhas, amigos e outros membros da família. Tocava melodias populares, árias, danças francesas e escocesas, como fez Anne Elliot para as irmãs Musgrove (Persuasão). 
      Depois de um período mais difícil em que ficou sem seu piano, conta-se que ficou bem triste não tendo como tocar, escreveu pouco e só pode voltar a ter  alegria quando teve finalmente um piano em casa.
     Na Inglaterra de Jane era comum entre as mocinhas e senhoras em geral além do dedilhar do instrumento também o uso da (bela) voz. As árias (cantigas, muitas vezes trechos de óperas) e canções de amor eram corriqueiras e Jane não era diferente delas.
     Como uma jovem estudante , ela estudou com o Dr. Chard, organista na catedral de Winchester. Chard era, obviamente, um bom músico, cantor e tecladista, e Jane teve aulas com ele por vários anos, praticando piano todas as manhãs. 
     Nos seus últimos anos, a música pode ter sido sua única companhia nos dias de solidão, onde ela se alegrava cantando e tocando sua coleção de livros  de partituras e os  volumes manuscritos, que estão agora em sua casa em Chawton, descansando aberto sobre o piano.
 
     Jane tinha um piano Stodart, muito semelhante ao da foto abaixo.
     Esse instrumento mais parece uma tábua lateral bem decorado, onde se abrem o teclado e as cordas. Seu som é delicado e parece perfeito para tocar sonatinas em reuniões mais íntimas
Piano Stodart, 1807- semelhante ao que Jane Austen possuiu.


     "Jane começou seu dia com música..."
Obsevando este trecho retirado das memórias de sua sobrinha, Caroline/1867, podemos ainda concluir que:
  • Jane tinha um gosto natural para música
  • Nunca foi induzida a aprender
  • Não tinha ninguém para ensinar (talvez gostaria de tê-lo feito)
  • Parece que ninguém da família dava tanta importancia à música quanto ela
  • Muito do que tocava era de sua manuscritos
  • Era tão bem escrito e tão corretamente que parecia impressão.
  "Aunt Jane began her day with music—for which I conclude she had a natural taste; as she thus kept it up—tho’ she had no one to teach; was never induced (as I have heard) to play in company; and none of her family cared much for it. I suppose that she might not trouble them, she chose her practising time before breakfast—when she could have the room to herself—She practised regularly every morning—She played very pretty tunes, I thought—and I liked to stand by her and listen to them; but the music, (for I knew the books well in after years) would now be thought disgracefully easy—Much that she played from was manuscript, copied out by herself—and so neatly and correctly, that it was as easy to read as print".(Caroline Austen, My Aunt Jane Austen: A Memoir, 1867)
    
     A música  foi um ornamento nos romances de Austen. Para ela  foi uma importante função social sobre atitudes, relacionamentos e comportamentos  no período regencial inglês.

Fotos:
allthing-jane-auste.blogspot.com.br
pianoworld.com

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domingo, 18 de novembro de 2012

Jane Austen e a música de Mozart

        Jane Austen e Mozart combinam muito bem! Unem a genialidade, a ironia e o bom humor. Ouvir Mozart é como ler Jane, não dá pra explicar é só lendo e ouvindo. 

      Wolfgang Amadeus Mozart foi um compositor austríaco que viveu entre 1756-1791. Tinha então 19 anos quando nasceu Jane Austen. Era um gênio musical! Aprendeu violino quase que sozinho com apenas 5 anos e dominava o piano. Seu ouvido musical era inigualável, era capaz de reproduzir melodias complexas escutando apenas uma vez. 
Mozart criança
     Mozart é o grande ícone do Classicismo, onde o estilo Sonata foi desenvolvido e até hoje obedecido. Escreveu óperas, musicas para piano, Concertos e Sinfonias.
     Conta-se que Mozart pode ter dado algumas aulas ao jovem Beethoven (14 anos mais novo) que foi para 
Viena estudar com ele. Beethoven também iniciou dentro do classicismo, mas a partir de sua terceira sinfonia já mostrou figuras do romantismo e foi classificado como um pré-romântico.
     Curiosidade:
  • Beethoven, um grande gênio, viveu 56 anos e compôs 9 sinfonias
  • Mozart viveu apenas 35 anos e compôs 41 sinfonias

    O grande problema de Mozart era que desde criança seu pai, ciente de seu talento, o levou por toda a Europa em tournées e isso deu a ele um certo ar arrogante de seus valores. 

     Naquela época, os músicos trabalhavam para os nobres, compondo  para ocasiões especiais ou quando fossem solicitados e Mozart não aceitava ordens, queria fazer tudo ao seu jeito; dessa forma, não parava em emprego, gastava tudo o que ganhava, tinha problemas financeiros, se estressava demais e jogava fora sua saúde, morrendo ainda muito jovem e pobre. Os seus créditos como excepcional compositor veio mesmo depois de sua morte.

     Jane Austen e seus familiares devem ter ouvido  muito falar muito em óperas, talvez até tivessem assistido algumas, pois Jane morou em Bath (uma grande cidade) e eram bem comuns entre o final do séc. XVIII e início do XIX
     A ópera (espécie de teatro cantado),  era quase que sempre em italiano (a pátria da música), um idioma melodioso, sem "s" nos plurais das palavras, "cantabile", mas Mozart quis compor sua última ópera "A flauta mágica" em alemão (língua oficial da Áustria). Um idioma com fonemas difíceis, cheio de consoantes pronunciadas que funcionam como freios no meio das palavras, nada "cantabile", todos foram contra, mas sua teimosia resultou na sua obra prima: podemos escutar aqui, em "A abadia de Northanger" (2007), um trecho da ópera "A flauta mágica", a conhecidíssima "Aria da rainha da noite" assistida de camarote:
   A música do Classicismo (1750-1790) período musical ao qual Mozart pertenceu, é considerada perfeita, com muita formalidade. Harmonia e equilíbrio são as palavras mestras do Classicismo. 
   Mas a música de Mozart é grandiosa!!! Acordes cheios, redondos, mas de um sentimento inexplicável! É profunda e belíssima. Mozart é um dos meus favoritos. A gente escuta e sabe que é Mozart! Sua música faz relaxar, acalmar e desacelerar o pensamento (fatos comprovados por uma série de pesquisas). 

   Como é dito: "Das óperas aos concertos, das sinfonias às sonatas, tudo que o que leva sua assinatura tende à perfeição".

    Decerto, a música de Mozart era muito apreciada por Jane Austen, sua família e amigos. Quando   ele morreu Jane já escrevia. Podemos ouvir Mozart em várias outras adaptações de suas obras.


     Em  Persuasão (2007), a grandiosa "Sinfonia nº 25", enquanto Anne Elliot, Cap. Wentworth e Mr. Elliot decidem o que fazer de suas vidas:

       Em "Orgulho e preconceito" (1995):
Enquanto as "apresentações" da família Bennet deixam Jane e Elizabeth constrangidas, a irmã mais velha de Mr. Bingley mostra seus dons no baile de Netherfield com o rondó "Marcha  turca", da Sonata para piano nº 11 em lá maior":
e quem não se lembra da ária que Lizzie canta em Pemberley, "Voi che sapete che cosa é amor", da ópera "As bodas de Fígaro":
há ainda outras, como:
  • no episódio 3, o "Andante grazioso" da "Sonata para piano no. 11 em lá maior
  • no episódio 2, a marcha da ópera "As bodas de Fígaro"
  • em Emma (1996) Jane Fairfax canta a "Wiegen Lied", (uma canção para ninar). 
Fac-símile do manuscrito da "Sinfonia nº 40"
     Como podemos notar (com uma certa lógica) as peças orquestrais eram ouvidas em salas de concerto (ou ainda os mais ricos tinham como contratar uma pequena orquestra), mas as árias eram copiadas com bem mais facilidade e estavam sempre presentes na sociedade do inicio do séc. XIX.
Primeira página da Sinfonia n° 25
tocada em "Persuasão"
      Há também um livro que aborda mais a fundo essa combinação de Austen/Mozart:
    E quem ainda não viu e quiser saber mais sobre Mozart  recomendo o clássico ganhador de 5 Oscars "Amadeus" (1985).
      O filme se passa durante a infância e adolescência de Jane Austen. A moda das perucas enormes ainda era evidente. Acho interessante comparar essas datas.
     As causas de sua morte, até hoje são um mistério, pois acredita-se até que ele pode ter sido mesmo assassinado. A gargalhada do ator Tom Hulce (que interpreta, toca, rege...), diz tudo. Vale a pena!
     Uma pequena listinha imperdível pra começar:
  Mozart foi sem dúvida um dos maiores gênios musicais de todos os tempos!

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terça-feira, 13 de novembro de 2012

Jane Austen, Beethoven e... Napoleão

Que trio é esse???
    Como já havia citado aqui, Jane Austen e Beethoven viveram na mesma época, mas como nem só de heróis se faz a História, Napoleão também estava por ali:

  • Napoleão Bonaparte: 1769-1821
  • Ludwig van Beethoven: 1770-1827
  • Jane Austen: 1775-1817

      Foram mesmo bem contemporâneos! 
     A fama de Jane Austen como uma mulher escritora não foi assim tão fácil, mas apesar de seu nome não aparecer em suas obras, o nome "Jane Austen" era  muito conhecido.  Napoleão também era e Beethoven igualmente, cada qual com sua "habilidade" todos "se conheciam".   
   Assim como Jane dedicou "Emma" ao príncipe regente (mesmo a contra gosto), Beethoven em 1803, também fez uma Sinfonia dedicada à Napoleão, acreditando que  tinha boas intenções como líder  mas quando viu que ele se declarou imperador indo contra os próprios princípios da Revolução Francesa, riscou a dedicatória de sua Terceira Sinfonia "Eróica" (sem "H" mesmo),decepcionado.
    Jane menciona a guerra em "Persuasão" e ela também convivia com os mesmos problemas, pois a Inglaterra e a França eram vizinhas. 
      Mas e quanto à música? Além de Napoleão, do que mais se falava? Beethoven era o astro do momento?
Edição do jornal britânico "The Sun"
de 29 de agosto de 1800
Todos queriam ter as partituras Beethoven?
     Sem dúvida! As melodias eram belíssimas e quem ouvia já se encarregava de pedir a um amigo(a) para fazer uma cópia.

Beethoven era mesmo muito ouvido?
    Ouvir Beethoven era ouvir algo realmente novo; novas combinações de sons e sentimentos, era como o início da bossa-nova ou do rock'n roll. Era ouvido em reuniões de amigos, bailes, sempre havia uma mocinha culta mostrando que era atualizada e tocava a última moda. 

Veja as cenas:

     Achei muito interessante como nessa cena de Persuasão (2007), Anne Elliot toca a belíssima "Sonata ao Luar"* com alguma dificuldade, mas não como uma principiante no instrumento, como se aquela melodia ainda não estivesse muito praticada, dando um ar de que tinha chegado às suas mãos recentemente.
     Já Georgiana em "Orgulho e preconceito" (1995), apresentou à Elizabeth e aos amigos  "Andante Favori em Fá maior" com mais desenvoltura. Era uma boa pianista e sua condição financeira por certo lhe dava condições de possuir partituras mais facilmente:
      Em Emma (2009), Jane Fairfax, que estudava em um grande centro e também era excelente pianista executa com facilidade a difícil "Sonata para piano n° 21" deixando Emma de queixo caído:
    Em "Orgulho e Preconceito" (1980), a irmã mais velha de Mr. Bingley, toca a "Sonata para piano em sol maior" enquanto os demais conversam e jogam.
    Deixando claro que Beethoven não era o único compositor apreciado nos salões e nas residências no  final do séc. XVIII e inicio do XIX, (falarei sobre isso em um próximo post) mas faço questão de citá-lo por ser ele um pré-romântico (como Jane Austen) e por esse grande compositor representar o auge de uma época e o rompimento com padrões musicais, abrindo caminho assim como Jane Austen na literatura, para o Romantismo
     Não foi a toa que suas músicas foram tocadas nas adaptações das obras de Jane Austen , ele fez fama pela Europa e tocar sua música significava ter bom gosto e ser atualizado. Como estar em "sintonia" com as grandes capitais, mesmo para as mocinhas que moravam lááááááá em Longbourn.


Curiosidade:
Tanto Jane Austen como Beethoven, nasceram em 16 de dezembro. Interessante...
*O apelido "ao luar" dessa sonata só veio depois da morte de Beethoven.
Foto:
boneybooks.com


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sexta-feira, 9 de novembro de 2012

A música no tempo de Jane Austen

     A música faz parte da natureza humana. Independente do gênero musical, os sons sempre agradaram os ouvidos humanos; cada povo com sua cultura, cada um em sua época. 
     É igualmente maravilhoso como podemos admirar vários estilos musicais, mas  o que chamamos de clássico, não se perde nunca. 

     No tempo em que se passa os romances de Jane Austen (1775-1817), período também em  que a autora viveu, não era diferente. 
     
Decifrando alguns enigmas bem simples pra ficar inteirado no que era comum em música no tempo de Jane Austen:

O que "tocava no rádio" naquela época? 
     Brincadeirinha, que não havia rádio todo mundo sabe, você simplesmente ouvia uma nova melodia na casa de algum conhecido que geralmente era tocada por algum dos presentes.
Como era divulgada a música? 
     Assim como nos dias atuais, quando um astro da música (de Madonna a André Rieu)  viaja em tournée, faz suas apresentações nos grandes centros urbanos como São Paulo, Rio de Janeiro e outras grandes cidades pelo mundo, assim era. Mesmo quando um compositor não fazia tournées, uma orquestra tocaria sua obra em algum teatro em um grande centro, como Londres ou Bath. Veja a cena:
Anne Elliot ao Cap. Wentworth - cena de "Persuasão" 2007
Todos tinham acesso?
     Os mais abastados eram os primeiros a terem acesso aos "grandes sucessos"; as melhores roupas, sapatos e carruagens eram utilizadas para ir à estreia de uma nova ópera ou composição. Era um evento especial. Havia também uma grande expectativa por parte do compositor, pois a estreia era a crítica diante do seu trabalho. 
     Lembrando que não havia cinemas, parques de diversões, shoppings, nada além de visitar amigos, bailes e assistir concertos; quem não podia assistir à estréia poderia ver e ouvir depois em grandes cidades. André Rieu não iria fazer uma apresentação  no interior de Goiás  por exemplo, não que ali ele não tenha admiradores, mas é totalmente inviável, sem estrutura para recebê-lo e assim era também naquela época. Então...é bem lógico que Meriton demoraria alguns meses para ouvir pela primeira vez os sucessos que Paris, Florença, Viena já estavam acostumadas.
Como as pessoas nas pequenas cidades sabiam o estava "nas paradas de sucesso"? 
       Sempre havia alguém influente (ou um amigo em viagem) que vinha de um grande centro urbano e trazia consigo as partituras.

E se alguém gostasse da obra, como poderia obtê-la?
     Não tinha como comprar o CD!!! Teria que comprar a partitura manuscrita de um copista ou esperar que algum conhecido o fizesse e  lhe emprestasse para copiar também, como Jane Austen fez com alguns de seus livros de piano. As impressões de partituras ainda eram raras.
Cópia de partituras feita por Jane Austen
Que tipo de composição era mais facilmente divulgada?
   Com certeza as Sonatas* e algumas Árias (canções).

O que são essas tais sonatas?
     Do italiano sonare e significa "soar" , uma peça que deve ser tocada e não cantada. A forma sonata é  o tipo clássico de composição com 3 ou 4 partes com cerca de 30 minutos de duração.
Uma Sonata de Beethoven

Sonata, Sinfonia, Concerto... 
é tudo a mesma coisa, só que...

Sonata - Composta para um ou dois instrumentos
Sinfonia - Composta para uma orquestra
Concerto - Composta para uma orquestra com um instrumento solista (que toca partes sozinho), daí o nome, "Concerto para piano e orquestra", "Concerto para violino e orquestra", etc...
Viu que fácil?!

Porque esse tipo de música era de mais fácil acesso?
     Era muito mais simples ouvir e copiar uma peça para um único instrumento e tocá-la do que ir a um teatro e apreciar um concerto ou uma ópera.

Quem era a celebridade na época?
     Como citei no post anterior, Beethoven era o auge naquela época. Havia também outros compositores ouvidos e queridos do público*. Não é porque você comprou uma roupa nova lindíssima que não vai mais usar as outras, isso é em se tratando de novidade, digamos, a "última moda" em música.
*Mas isso é assunto para o próximo post :)
Fotos:
allposters.com.br
lvbandmore.blogspot.com.br
squarepianotech.com
lewebpedagogique.com


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sexta-feira, 2 de novembro de 2012

Beethoven e Mr. Darcy

     Com certeza alguém vai ler o título outra vez, pois parece ser algo "nada a ver", a primeira impressão é como aquela antiga música do Legião Urbana, "Eduardo e Mônica", quem se lembra? Eles pareciam não ter nada em comum , mas tinham muito em comum! É o caso desses dois.

     Um inglês e outro alemão
   Um escrevia cartas muito bem, o outro partituras melhor ainda.
     Às vezes seguiam a moda igualmente, com largas costeletas e uma certa "franja" desgrenhada.
    Em outras ocasiões, mais valia um cabelo com certo ar de rebeldia
      Um era um Maestro e outro um Gentleman.
     
     Me explico: Jane Austen e Ludwig van Beethoven foram contemporâneos!
    Jane nasceu em 1775, Beethoven em 1770, os primeiros manuscritos de "Orgulho e preconceito" (que primeiramente levavam o título de "Primeiras impressões" foram datados de 1797, tendo Mr. Darcy 28 anos na época (como nos conta a própria obra) ele deve ter nascido com cerca de um ano de diferença de Beethoven. 
   Jane Austen faleceu muito nova, em 1817, Beethoven, cinco anos mais velho, durou ainda mais dez anos e faleceu em 1827, mas é fato: Beethoven alcançou fama ainda em vida  e sua música se expandiu por toda a Europa, Jane Austen por sua cultura, deve ter admirado o maestro e ouvido muito sua música.   
                     
     Fato importante: Jane Austen não é considerada uma escritora romântica e nem Beethoven um  compositor romântico, embora muitos imaginam que a obra do maestro tenha esse aspecto. 
  Beethoven assim como Jane foram "Pré-românticos", pois o romantismo foi um movimento da literatura, música, filosofia que durou de 1800 até 1850 (ou ainda um pouco mais), mas verdadeiramente, os grandes compositores do romantismo (Schubert, Chopin, Liszt...), estavam nascendo quando os livros de Jane Austen foram então publicados, isto é, o movimento romântico  veio mesmo tomar força quando Jane já estava em seus últimos anos de vida.
    O que é importante saber, é que a música de Beethoven foi tocada e admirada nos salões e entre as belas moças ao piano. 
   Ambos foram precursores para os vindouros românticos,  tanto na literatura como na música, sendo assim, é notório que Mr. Darcy que viveu na mesma época, seguia os padrões de moda que o músico também seguia. Reparem no lenço do pescoço, casaco, cabelo, costeletas e porque não citar que as namoradas do maestro tinham a mesma idade e aspecto de outras mocinhas da época assim como Jane e Elizabeth. 
     Consta que Beethoven teve uma amada e manteve isso em segredo. Até hoje esse fato é um ponto de interrogação. Muitos dizem que foi Elise, pois compôs a famosa música "Für Elise", (aquela que tragicamente colocaram no caminhão de gás que passa nas ruas), outros dizem que foi escrito em gótico e a tradução na verdade é Therese e a coisa por ai vai, mas se você quer saber sobre a vida de Beethoven e gosta de filmes de época, exatamente a época em que Jane Austen viveu, recomendo mesmo "Minha amada imortal" (Immortal beloved-1994).

    As vestimentas, as carruagens, como o povo vivia, as barbáries das batalhas de Napoleão, ... 
...as mesmas dificuldades em um casamento sem fortuna, como quando Beethoven pede a mão de Julia em casamento (observe na legenda, o que diz o pai),
e ainda saber sobre esse mistério através de seu amigo, que após sua morte encontra uma carta  onde Beethoven fez um testamento deixando a fortuna para sua amada imortal, 
e ele tenta a todo custo encontrar a mulher para qual ela foi endereçada. 
    A foto abaixo é uma captura de tela onde Beethoven ainda jovem , mas já surdo, toca a bela "Sonata ao luar" com os ouvidos colados ao piano para sentir as vibrações dos sons, pois não podia ouvir, fato verídico.
                           
     O papel de Beethoven (em uma interpretação excelente), é do inglês Gary Oldman,

Com Coliin Firth, atualmente. 
      Recomendo pois acredito ser uma lacuna não conhecer mais sobre esse grande mestre da música e sobre sua vida sofrida. Já foram feitos outros filmes sobre a vida de Beethoven, sempre com grande dose de ficção (como esse) e sempre estão à procura dessa "amada", mas acho que vale a pena pelos fatos históricos, a relação com o pai, com o sobrinho, sobre a surdez, e a gente sabe que é realmente muito difícil uma biografia não ser romanceada. O mais importante é perceber como alguém com tantas dificuldades pode compor obras tão magníficas e romper barreiras com sua inteligência e brilhantismo?!
Gary Oldman como Beethoven em "Minha amada imortal" - 1994
     E essa foi minha associação: 

  • Fitzwilliam Darcy, o bom rapaz culto, rico, bonito que se casa com a heroína Elizabeth Bennet, faz o sonho de muitas...mas fictício. 
  • Ludwid van Beethoven, uma vida difícil, atribulado, cheio de altos e baixos, surdo desde os 25, não se casa com a mulher que ama, mas real e mais real ainda é sua música, que igualmente faz sonhar a muitos...MARAVILHOSA!!! 

    Para quem não conhece as obras, como Jane Austen certamente conhecia, recomendo começar ouvindo essa pequena listinha (tenho a certeza que você vai amar):
"Sonata ao luar"
"Para Elisa"
"Sinfonia nº 6 - Canto os pastores"
"Sinfonia n° 9 - Ode à alegria"
e a famosa "Sinfonia n° 5"  (isso é só o comecinho...)

    Desafio cultural: que tal ler uma obra de Jane ouvindo Beethoven ao fundo, já experimentaram esse deleite? Então testem e depois me contem.
Fotos:
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tudodebonn.blogspot.com
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